terça-feira, 30 de abril de 2013

Tá, mas o que é Diabetes Tipo 1?

Dããã ahhhahahaha

Oi pessoal!!

Quando ainda estava no hospital, logo após o diagnóstico, fiquei com isso na cabeça... O que é essa doença? 
Na escola a gente aprende e tal, mas quando não tem contato direto com a bendita acho que acabamos esquecendo como a coisa toda funciona... Sabemos que envolve açúcar no sangue, mas não entendemos qual a relação do açúcar com todo o resto que acontece com a gente!

Primeiro de tudo: nãããão, a diabetes tipo 1 NÃO tem nada a ver com comer muitos doces quando criança!

Sim, eu sou diabético. Não, não é porque eu comi muito açúcar.

A Diabetes Tipo 1 também é conhecida como Diabetes Infanto-Juvenil por se tratar de uma doença que, apesar de poder acontecer com qualquer um e em qualquer idade, costuma se manifestar principalmente nas crianças e jovens. É considerada uma doença auto-imune, onde as células beta do pâncreas - responsáveis por secretar insulina para regular as taxas de açúcar no sangue - são "assassinadas" (hahaha dramática) pelo nosso próprio organismo.

Essa "morte" do pâncreas é percebida através de alguns sintomas causados pela ausência da insulina em nosso organismo. Os sintomas, que já descrevi um pouco neste post AQUI, são:



  • Muita sede
  • Fome
  • Sensação de cansaço ou fadiga
  • Visão embaçada
  • Perda da sensibilidade ou sensação de formigamento nos pés
  • Perda de peso involuntária
  • Micção mais frequente
  • Respiração profunda e acelerada
  • Pele e boca secas
  • Rosto corado
  • Hálito com odor de fruta
  • Náusea, vômitos, incapacidade de reter líquidos
  • Dor estomacal


  • Conforme mencionei antes, a insulina é responsável por levar o açúcar do sangue (glicose) para nossas células, onde fica armazenado e depois é utilizado para gerar energia. Sem a insulina, a glicose passa a se acumular no sangue, impossibilitando a utilização da mesma para a geração de energia. Esse quadro por um período muito prolongado faz com que a acidez do sangue diminua, causando a CETOACIDOSE (que infelizmente foi o meu quadro quando dei entrada no hospital - e o motivo que me fez ficar na UTI). Falarei mais a respeito da Cetoacidose em um outro post pois merece uma atenção especial.

    O tratamento da Diabetes Tipo 1 envolve a aplicação de insulina, geralmente uma lenta (que pode ficar até 24h no organismo) combinada com uma de efeito rápido ou ultra-rápido (que deve ser aplicada antes das refeições ou logo em seguida). O que isso quer dizer? Que os portadores dessa bendita doença crônica devem aplicar insulina (e por aplicar entendam INJETAR) uma média de 3 vezes por dia - vai variar de acordo com o organismo de cada um (aqui podemos excluir as pessoas que usam bomba de insulina - assunto para outro post - que dão as agulhadas geralmente a cada 3 dias para trocar a cânula da bomba). 

    Além das picadinhas de insulina, também é necessário um rígido controle glicêmico, que é realizado por mais picadinhas, essas nas pontas dos dedos. O glicosímetro passa a ser o melhor amigo e companheiro inseparável de um diabético, pois é ele quem avisa se o índice glicêmico está muito alto, necessitando de correção com insulina, ou se está muito baixo, necessitando de correção ingerindo açúcar ou carboidratos.


    Acho que deu para esclarecer um pouco como funciona a coisa toda, né? Aos poucos vou tentando explicar um pouco melhor. O mais importante é que todos entendam que essa doença não aparece por falta de cuidados ou de exames, uma infecção ou problemas emocionais como depressão ou até mesmo stress podem ser o botão de "partida" para ela se desenvolver.


    Por hoje é só, pessoal!!

    Beijos,
    Thaís

    segunda-feira, 29 de abril de 2013

    O Diagnóstico Parte 2: Internação


    Oi pessoal!!

    Conforme prometido ontem, segue a parte final do diagnóstico da minha bendita diabetes!


    Chegamos no hospital pouco mais de meio dia, e adivinhem? Estava BOMBANDO!! Eu mal conseguia parar em pé e só pensava “esse povo com resfriado vindo no médico pegar atestado pra faltar no trabalho e eu aqui prestes a morrer tenho que ficar esperando..”.. Fiquei sentada enquanto meu pai dava entrada na minha papelada no atendimento de emergência e já pediu pra me passarem na frente porque eu estava muito mal, e acho que a recepcionista nem hesitou mesmo em me passar na frente, porque era só olhar pra minha cara e ver que tinha alguma coisa seriamente errada! Um enfermeiro veio me buscar com a cadeira de rodas e me levou pra uma salinha pra esperar pelo médico com o meu pai.. deitei na maca porque nem sentada eu conseguia ficar mais.. O médico chegou, mediu pressão e começou a anotar todos os meus sintomas... Pegou um aparelho (o tal do glicosímetro, que depois viria a se tornar meu melhor amigo e companheiro de aventuras) e uma agulhinha e furou meu dedo pra medir a glicemia... E aí o número mais assustador que eu já tinha visto e nunca mais vou esquecer: 418!

    Sem nem piscar o médico já falou “É diabetes”. Nem sei o que eu pensei na hora, acho que não levei muito a sério, não tem nem como cair a ficha na hora com uma informação dessas! Me levaram pra aquela bendita sala pra tomar medicamento.. 912 mil litros de soro + insulina na veia. A essa altura, de acordo com o meu pai, eu estava cadavérica, parecendo com a Bela do Crepúsculo quando fica grávida do vampiro e morre/quase morre (isso não conta como spoiler, né?).

    A partir desse momento tinha começado a festa da agulha! Começaram a tirar sangue, fazer exame de urina, e eu lá, ainda me sentindo péssima e morrendo de frio! Fiz até meu pai tirar a meia dele e dar pra mim, coitado! 

    Braço bonito depois de algumas tentativas frustradas de encontrar minhas veias.

    Bracinho esquerdo após alguns ataques de vampiro.

    Longas horas depois, chegou um outro médico pra falar com a gente, e aí seguiu uma das conversas mais aterrorizantes da minha vida:

    Médico – Olha Thaís, sua situação foi realmente muito grave, o ph do seu sangue estava muito baixo e por pouco você não entra em coma.
    Thaís e pai – :O
    Médico – Vamos ter que internar você na UTI.
    Thaís e pai – OI,QUÊ?????? UTI???? Pera aí, precisa disso mesmo?
    Médico – Sim, a situação foi realmente muito grave.

    Médico fala isso, vira as costas e vai embora! Como você fala pra uma pessoa que ela quase entrou em coma e precisa ir pra UTI e não faz nem um carinho na cabeça depois? Obviamente comecei a chorar desesperadamente, não aguentei mais segurar e desabei, pra mim foi o mesmo que falar que eu estava a beira da morte! Depois me levaram já pra sala de pré-internação pra esperar um leito vagar na UTI e fazer o pior exame da face da terra: GASOMETRIA. Sério, nunca tive problemas com agulhas, tirar sangue e tal... Mas NOSSA COMO ESSE EXAME DÓI!!!! É basicamente um exame de sangue, mas não tiram sangue da sua veia, e sim da artéria, sabe aquele lugar no seu pulso...QUE PULSA??? Ohhhh meu pai!! Ninguém merece!!

    Um dos "furinhos" da gasometria.


    Lá pelas 21h e tantas da noite subi pra UTI, minha glicemia tinha baixado pra uns 300 e pouco, e me falaram que eu deveria ficar internada por 1 ou 2 dias, até estabilizar. Me colaram os benditos eletrodos e finalmente fiz minha primeira “refeição” das últimas 24h. Fiquei um pouco mais calma, decidi não pensar sobre tudo que estava acontecendo e descansar, me achei merecedora do soninho! Os enfermeiros da UTI eram mega atenciosos e legais, devem ser treinados pra isso, já que eles tratam basicamente de gente que tá atolada de problemas, né...

    O primeiro acesso da internação a gente nunca esquece...


    Pura saúde essa refeição ahahahha


    Minha paz acabou na mesma madrugada, quando descobri que a rotina de UTI era uma bosta ahahha eles te acordam sem dó nem piedade no meio da madrugada pra tirar chapa, fazer exame de sangue, etc.. Mas ok, melhor que ficar sem cuidados! Os dias que se seguiram foram puro martírio, a primeira vez que meus pais foram me visitar eu só queria saber de chorar, quando a nutricionista passou e entregou meu primeiro cardápio de diabético eu chorei mais ainda, simplesmente eu nunca mais ia comer nada. Ia viver de pão e água! OPA, nem pão, porque pão tem carboidrato e carboidrato se transforma em açúcar!!! SOCORRO BRASIL!! Só pensava que eu não teria mais vida social, já que ela se resumia a sair pra comer! E a comida mexicana?? E a comida japa?? Nada?? Nunca mais?? Pro resto da vida?? 

    Nessa hora bate aquela tristeza profunda.. A gente pensa “o que eu fiz pra merecer isso?” ou “tem tanta gente ruim no mundo, porque justo comigo?”... Aí bate aquela raiva, aquele sentimento de injustiça.. Mas estando em uma UTI você percebe que tem gente sofrendo e passando por coisas muito piores que você, e isso te dá forças pra tentar tirar o melhor (ou o menos pior) da situação, e tentar sorrir, fazer piada sobre a sua nova condição, voltar a ser a pessoa que você sempre foi.

    No total foram 4 dias de UTI e 4 dias no quarto do hospital. No quarto tive meu primeiro contato com a endócrino, a médica que tenho visto uma vez por semana até estabilizar tudo e depois visitarei em média a cada três meses. Aí comecei a aprender um pouco mais sobre a doença e perceber que a coisa toda não é tão assustadora quanto parecia naquele meu primeiro dia de hospital, e aí você descobre que o pior de tudo nem são as hiperglicemias, mas sim as hipoglicemias que são super perigosas (mas isso já é assunto pra outro post).

    Nem tenho palavras para agradecer a minha família e amigos, não sei o que teria feito nesses dias de hospital se não fosse a força e apoio de todo mundo. É uma luta diária que se tornaria impossível sem ter todo esse suporte.

    Bombando de camisola de hospital no Instagram.


    Chega de texto por hoje, né? Pelo menos teve umas ilustrações hahahahha...
    Amanhã conversamos mais!

    Beijos,
    Thaís

    domingo, 28 de abril de 2013

    O Diagnóstico Parte 1: Sintomas


    Oi Pessoal!!

    Vou compartilhar alguns detalhes de como se deu o meu diagnóstico. Acredito que muitas pessoas que conhecemos podem estar passando pelos mesmos sintomas que eu sem ter a menor noção do que estão prestes a enfrentar, e descobrir uma diabetes no susto, como foi o meu caso e o de milhares de pessoas, é muito difícil e pode ser fatal.

    Vou dividir este post em duas partes, sei que vai ser longo e cansativo de ler, além do mais eu ADORO uma boa conversa detalhada hahahaha... Então senta que lá vem a história...

    Já tinha algum tempo que eu estava bebendo água LOUCAMENTE e fazendo xixi LOUCAMENTE, o que já deveria ter sido o maior sinal de alerta, já que eu, apesar de ter sofrido bastante com cálculo renal, nunca fui uma pessoa que acordasse no meio da noite para ir ao banheiro ou beber água, coisa que começou a acontecer em uma média de 3 vezes por noite! Isso foi no finalzinho de Fevereiro/13, nesta época eu estava fazendo academia e malhando bastante, queria perder uns kgs...vocês sabem como mulher é... Enfim, acontece que eu não estava emagrecendo...e de repente, no mês de Março/13, por conta de uma alteração de turno no trabalho, parei de ir na academia e ainda assim emagreci 5kg como num passe de mágica! Do nada minhas roupas ficaram todas largas, minhas calças estavam caindo e eu estava adorando ahahah afinal, quem não se acha o máximo quando emagrece sem esforço?!?

    No final desse mesmo mês, já começando Abril/13, comecei a perceber que tinha algo errado comigo. Já fiz tratamento de gastrite em 2011, se não me engano, pois ela estava atacadíssima, e parecia que estava atacando de novo! Não conseguia comer mais nada direito - exceto doces e refrigerantes..!

    Eis que chegamos na semana do famigerado dia 04/04/13. Comecei a semana com um leve mal estar, me sentindo fraca e sem vontade de comer... Mas para mim não foi nada muito anormal, já que sempre fui meio mole mesmo eheheh... De qualquer forma, era uma moleza que já vinha de algum tempo, mas naquela semana foi super gritante... Cheguei a sair com algumas amigas para ir num rodeio e passei a noite quase inteira sentada, chupando bala e tomando água (e fazendo xixi hahaha)... Até passou pela minha cabeça “putz, preciso marcar um médico pra ver isso...e também ir no gastro pra ver essa minha gastrite..”.

    Dia 04 de Abril eu acordei me sentindo um pouco estranha, e com muita vontade de comer algo doce no café da manhã, então levantei e fui até o supermercado na rua de cima da minha casa (são aproximadamente 2 quarteirões) para comprar um iogurte para misturar com cereal pra comer. Cheguei lá quase “com os bofes pra fora”, super ofegante, mas fiz minhas compras e paguei... Na saída tinha um banco para sentar, e eu que estava me sentindo HIPER cansada (pior que uma senhora de 90 anos) me sentei um pouco... tomei um suquinho que tinha comprado...descansei... e pensei “preciso ir pra casa né...”.. Levantei e andei meio quarteirão.. sentei num ponto de ônibus de novo super cansada e cada vez mais ofegante... Descansei um pouco e levantei novamente... andei mais meio quarteirão e sentei na calçada já achando que ia morrer, não conseguia respirar e mal conseguia me mexer... ainda pra ajudar, parecia que eu estava com 78kg de comida no estômago e que ia vomitar a qualquer minuto... é, eu ia vomitar... não deu outra...vomitei sentada na calçada de um completo estranho! E não pensem que a rua estava vazia, viu? Tinha muita gente passando e não teve UMA boa alma pra parar e me ajudar! Por isso pessoal, por favor, quando virem alguém passando mal na rua, ao menos perguntem se a pessoa precisa de ajuda... pode ser só alguém bêbado, ou pode ser uma pessoa que está realmente doente e precisando de socorro!

    Enfim, depois de vomitar no meio da rua e passar a maior vergonha do Brasil, tirei forças não sei de onde e continuei meu caminho, parecia que era um esforço imenso carregar meu corpo pela rua.. cheguei na esquina de casa e não aguentei, sentei de novo ahahhaha, sério, seria cômico se não fosse trágico!! Dei um tempo sentada e voei até a minha casa.. cheguei e me joguei na cama pra ligar pra minha mãe... Nessa altura eu já não conseguia nem parar em pé direito! Mamis falou que quando chegasse do trabalho as 12h me levaria pro hospital. Quando ela chegou eu já tinha tomado banho (com a mesma dificuldade que uma senhora de 200 anos teria)...expliquei pra ela os meus sintomas e já comecei a chorar (e de quebra ainda vomitei mais um pouco), juro que achei que eu ia morrer! É uma sensação de fraqueza tão grande e uma dificuldade tão grande pra respirar que parecia que a qualquer segundo simplesmente eu ia desmontar e apagar! Um tempo depois meu pai chegou e fomos todos para o hospital.


    E chega por hoje! No próximo post eu conto como foi a chegada ao hospital, o diagnóstico e outros detalhes!

    Beijos,

    Thaís

    Alô Alô, testando..!


    Olá Pessoal!

    Decidi criar este espaço para compartilhar um pouco dessa nova fase da minha vida.

    No dia 04 de Abril de 2013 descobri que tenho Diabetes Tipo 1 e desde então mergulhei em um mundo completamente novo, repleto de informações que acredito serem de interesse geral, já que qualquer pessoa pode desenvolver essa doença ou conhecer alguém que tenha!

    Espero que possa ajudar tanto quanto outros sites e blogs me ajudaram quando fui diagnosticada!

    Beijos,

    Thaís!